O Banco de Portugal divulgou recentemente as estatísticas das empresas relativas ao quarto trimestre de 2024, com especial destaque para três indicadores fundamentais: a autonomia financeira, o custo dos financiamentos obtidos e a rendibilidade das empresas.
A autonomia financeira das empresas manteve a trajetória de crescimento, pelo nono trimestre consecutivo, situando-se nos 45,6%. Este reforço da solidez financeira resulta, em grande medida, da retenção de resultados, particularmente nas pequenas e médias empresas (PME), cuja autonomia financeira registou uma subida de 1,9 pontos percentuais face ao trimestre homólogo, atingindo os 46,0%. Nas grandes empresas, o aumento foi de 1,3 pontos percentuais, situando-se nos 41,4%.
Em termos setoriais, todos os setores registaram aumentos deste indicador, com exceção das sedes sociais. O setor do comércio destacou-se com a maior subida, de 2,1 pontos percentuais. A autonomia financeira das empresas públicas também evoluiu positivamente, de 36,9% para 37,2%.
Paralelamente, verificou-se uma redução no peso dos financiamentos obtidos no total do ativo das empresas, que passou de 27,6% para 26,6%. Esta diminuição é reflexo da redução contínua dos empréstimos junto do setor financeiro e de empresas do mesmo grupo. A tendência foi generalizada a todas as classes de dimensão e setores de atividade, exceto nas sedes sociais e nas empresas públicas, onde se observou um aumento do financiamento através da emissão de títulos de dívida.
Importa ainda referir que, pela primeira vez desde o segundo trimestre de 2022, o custo dos financiamentos obtidos pelas empresas registou uma descida, fixando-se nos 4,8%. Esta evolução acompanha a tendência de redução das taxas de juro iniciada em meados de 2024. No entanto, este custo permanece ainda 0,3 pontos percentuais acima do valor registado no período homólogo. A exceção foi o setor da construção, onde o custo se manteve inalterado.
No que se refere à rendibilidade, as empresas mantiveram níveis estáveis. A rendibilidade do ativo – medida pelo rácio entre o EBITDA e o total do ativo – manteve-se nos 9,4%, valor idêntico ao do trimestre anterior e ligeiramente inferior aos 9,5% registados no quarto trimestre de 2023. Esta estabilidade tem sido observada ao longo dos últimos cinco trimestres. No entanto, verificaram-se variações entre setores: as indústrias e as sedes sociais registaram as maiores quedas, de 1,1 e 1,5 pontos percentuais, respetivamente. No caso das sedes sociais, a redução deveu-se à diminuição dos resultados das subsidiárias, enquanto nas indústrias foi determinante o aumento dos gastos com pessoal.
Em contrapartida, os setores dos transportes e armazenagem e da construção evidenciaram melhorias na rendibilidade do ativo, com aumentos de 1,3 e 0,9 pontos percentuais, respetivamente. No setor dos transportes, este crescimento deveu-se ao incremento do EBITDA associado a atividades aeroportuárias, enquanto na construção se verificou uma melhoria generalizada da performance operacional.
As empresas públicas registaram uma rendibilidade do ativo de 7,3%, o que representa um acréscimo de 0,5 pontos percentuais face ao período homólogo.
Por fim, a cobertura dos gastos de financiamento – indicador que mede a capacidade das empresas em suportar os encargos financeiros com base no EBITDA gerado – registou uma ligeira redução, passando de 7,4 para 7,1 vezes. Esta diminuição deveu-se, sobretudo, ao desempenho das indústrias e das sedes sociais, enquanto no setor da construção se registou uma melhoria deste rácio.
A próxima atualização destas estatísticas está agendada para o dia 4 de julho de 2025.
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Banco de Portugal, 17 de Abril de 2025