O Banco de Portugal divulgou o Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito referente a 2024, com dados reveladores sobre a evolução do crédito à habitação, hipotecário e ao consumo. As conclusões apontam para um aumento significativo na concessão de crédito, consolidando uma tendência de retoma e maior confiança dos consumidores e instituições financeiras.
Crédito à habitação e hipotecário: forte crescimento e novas opções
Em 2024, registou-se um aumento expressivo no número de novos contratos de crédito à habitação: uma média mensal de 10.447 contratos, o que representa um crescimento de 26,6% face a 2023. O montante médio concedido por mês aumentou 32%, situando-se nos 1.491,7 milhões de euros.
Também o crédito hipotecário (diferente do crédito à aquisição de habitação) conheceu um crescimento robusto: mais 44,2% em número de contratos e um aumento de 58,4% no montante concedido, totalizando 2,1 mil milhões de euros.
Os intermediários de crédito desempenharam um papel relevante neste cenário, estando envolvidos em 56% dos contratos celebrados e em 57% do montante concedido em crédito à habitação e hipotecário.
Prazos estáveis e nova preferência por taxa mista
O prazo médio dos contratos manteve-se estável: 30,6 anos para os novos contratos e 33,5 anos para os contratos em carteira. Contudo, a grande mudança em 2024 foi a clara preferência dos consumidores pela taxa mista, que passou a representar 82% dos novos contratos (em 2023 era 45%). Este tipo de taxa permite uma prestação fixa nos primeiros anos e variável posteriormente, oferecendo equilíbrio entre segurança e potencial redução de encargos futuros.
Apesar disso, a maioria dos contratos em vigor ainda utiliza taxa variável, representando 74,7% do total.
O spread médio dos contratos com taxa variável continuou a sua trajetória de descida, fixando-se nos 0,89 pontos percentuais (face aos 0,93 p.p. de 2023).
Menos amortizações e renegociações
O número de reembolsos antecipados desceu 26,1%, e o montante total amortizado baixou 19,6%. Ao todo, foram feitos 182.624 reembolsos (parciais ou totais), num total de 9 mil milhões de euros.
Também as renegociações de crédito à habitação diminuíram consideravelmente: -60,6% em número e -61,9% em montante renegociado, o que pode refletir maior estabilidade contratual ou menor pressão financeira sentida pelas famílias.
Crédito ao consumo: crescimento consolidado e acima dos níveis pré-pandemia
O mercado de crédito ao consumo também mostrou crescimento: foram celebrados, em média, 139.558 novos contratos por mês, com um montante médio mensal de 702,1 milhões de euros. Este crescimento traduziu-se num aumento de 5% no número de contratos e 10% no montante concedido face a 2023.
O crescimento foi transversal a todos os segmentos:
- Crédito automóvel: +15%
- Crédito pessoal: +6,6%
- Crédito revolving: +8,2%
Os montantes médios dos contratos também aumentaram, especialmente no crédito pessoal, que passou de 6.700 para 7.000 euros.
A relevância dos intermediários de crédito aumentou neste segmento, representando 49,9% do montante total concedido (face aos 45,2% em 2023).
Por outro lado, a TAEG média subiu ligeiramente em todos os segmentos: no último trimestre de 2024, fixou-se nos 12,8% (mais 0,4 p.p. do que em igual período de 2023).
O que esta informação significa para si, enquanto cliente?
✅ Maior facilidade de acesso ao crédito: O crescimento do número e montante dos novos contratos de crédito à habitação mostra que há atualmente maior disponibilidade por parte das instituições financeiras para conceder crédito, o que pode beneficiar quem está a comprar casa ou pretende investir em habitação.
✅ Condições mais previsíveis e flexíveis: A forte adesão à taxa mista nos novos contratos (82%) indica que muitos clientes procuram estabilidade nas prestações iniciais. Esta pode ser uma opção interessante para quem valoriza previsibilidade no orçamento familiar, especialmente nos primeiros anos do empréstimo.
✅ Mercado mais competitivo: A ligeira descida do spread médio para contratos com taxa variável mostra que as instituições estão mais competitivas, o que pode traduzir-se em melhores propostas de crédito para os clientes. Vale a pena comparar ofertas ou renegociar com base nestes dados.
✅ Menor pressão para amortizar ou renegociar: A descida nos reembolsos antecipados e nas renegociações mostra que os clientes estão mais confortáveis com os seus contratos atuais — ou, pelo menos, que o contexto está mais estável.
✅ Intermediários de crédito com papel crescente: Como mais de metade dos créditos foram contratados com o apoio de intermediários, os dados reforçam que recorrer a um especialista pode ajudar a encontrar melhores soluções de financiamento, tanto na fase de contratação como na gestão do crédito.
✅ Crédito ao consumo em alta: O aumento nos montantes e número de contratos, especialmente no crédito automóvel e pessoal, indica que há mais margem para consumo financiado, mas também alerta para a importância de avaliar a TAEG, que subiu ligeiramente. Um crédito bem negociado continua a ser essencial.
Se precisa de apoio na contratação ou renegociação de crédito, os nossos especialistas estão prontos para ajudar, com análise personalizada e soluções ajustadas ao seu perfil financeiro.
Banco de Portugal, 07 de julho de 2025