A reestruturação financeira e operacional pode ser um processo difícil, mas também oferece oportunidades significativas para a reinvenção e para o crescimento, permitindo que as empresas enfrentem futuros desafios de mercado com resiliência e confiança
Dados da Iberinform revelam que as insolvências aumentaram 6,5% face ao mesmo mês do ano passado, com 391 ações de insolvência contra as 367 registadas em maio de 2023. No acumulado dos primeiros cinco meses deste ano, foram já registadas 1.852 insolvências, o que se traduz numa variação de mais 364 ações face ao mesmo período de 2023 e num incremento de 25%.
Quanto a encerramentos com plano de insolvência o aumento é de 117%, com mais 14 pedidos que em 2023 e um total de 26 pedidos até final de maio 2024. No período em análise foi declarada a insolvência de 993 empresas, menos 20 processos de encerramento que em igual período de 2023. Porto e Lisboa permanecem os distritos com os valores de insolvências mais elevados: 473 e 427, respetivamente. Face a 2023, regista-se um aumento de 23% em Lisboa e de 52% no distrito do Porto.
Num ambiente empresarial dinâmico e desafiador, é fundamental que as empresas estejam atentas aos sinais de alerta que podem indicar a necessidade de iniciar uma reestruturação financeira. A recolha e análise da informação correta em tempo útil é determinante para o sucesso da solução escolhida.
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A reestruturação financeira e operacional pode ser um processo difícil, mas também oferece oportunidades significativas para a reinvenção e para o crescimento, permitindo que as empresas enfrentem futuros desafios de mercado com resiliência e confiança.
Uma reestruturação financeira bem executada tem como principais benefícios o restauro da confiança dos credores, a recuperação da sustentabilidade da estrutura financeira e a redefinição do foco para a gestão por objetivos. Permite também evitar potenciais situações de incumprimentos (fiscais, laborais, bancários, comerciais), que habitualmente resultam numa danificação da imagem da sociedade.
Atendendo a tratar-se de um processo, em geral, bastante complexo, o seu planeamento antecipado é fundamental, não só, para assegurar a liquidez da empresa e a reflexão adequada acerca dos motivos que originaram a necessidade de reestruturação, mas também para permitir a formação de uma equipa comprometida com o sucesso do projeto e capaz de desenvolver e negociar um business plan credível com todos os seus credores.
Uma das componentes mais difíceis de gerir num processo de reestruturação financeira é a gestão dos stakeholders (fornecedores, bancos, estado, clientes, colaboradores, acionistas), uma vez que é fundamental conhecê-los, perceber a sua relevância, e saber comunicar-lhes adequadamente as necessidades da empresa.
Existem várias opções de reestruturação de dívida à disposição das empresas, mas destacam-se a negociação judicial via Processo Especial de Revitalização (PER) e o Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas (RERE). Ambas têm vantagens e desvantagens associadas, e os efeitos da sua aplicação devem ser cuidadosamente pensados, de forma a garantir a máxima eficácia do plano de reestruturação.
No entanto, um processo de reestruturação financeira não se resume à renegociação bem-sucedida da dívida da empresa. É fundamental desenvolver, em simultâneo com o processo de renegociação de dívida, uma estratégia para o Turnaround operacional da empresa, ou seja, identificar com o máximo rigor possível todas as causas originárias da crise da empresa e definir um plano de trabalho de forma a ultrapassá-las, garantindo que, de futuro, não se repetem.
Na Capitalizar, o trabalho desenvolvido na área de reestruturação de empresas ao longo dos últimos anos aponta para uma elevada taxa de aprovação dos planos de reestruturação de dívida (superior a 90%). A destacar também o track record económico que, após a intervenção, na sua maioria, mantiveram ou até aumentaram os níveis de atividade económica e o número de postos de trabalho.
Exame, 1 de julho de 2024.