O Banco de Portugal estima que a economia portuguesa crescerá 2,3% em 2025, desacelerando para 2,1% em 2026 e 1,7% em 2027. Este crescimento é sustentado principalmente por fatores como as condições financeiras favoráveis, a expansão da procura externa e a execução de fundos europeus, com destaque para o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). No entanto, com o término do PRR em 2027, projeta-se um abrandamento gradual do crescimento.
A projeção também aponta para um aumento do emprego e a estabilização da taxa de desemprego, enquanto a inflação deverá diminuir progressivamente de 2,3% em 2025 para 2% em 2026 e 2027.
Entretanto, a economia portuguesa enfrenta riscos externos significativos que podem influenciar estas previsões. A guerra na Ucrânia, os conflitos no Médio Oriente e a especulação sobre a aplicação de tarifas pelos Estados Unidos podem gerar incertezas consideráveis, tanto para os agentes económicos quanto para o ambiente global. Caso esses riscos se materializem, poderemos observar um aumento no preço das matérias-primas, um crescimento mundial mais lento e variações cambiais, que poderiam ter um impacto desestabilizador na economia.
Essa incerteza tende a afetar a confiança dos agentes económicos, o que pode resultar em adiamentos ou até cancelamentos de investimentos e um aumento nas poupanças, como medida preventiva contra possíveis choques económicos. Por outro lado, as recentes medidas para investimento na defesa, em resposta aos conflitos internacionais, podem impulsionar a economia europeia, ajudando a mitigar os efeitos adversos.
Embora as projeções para a economia portuguesa em 2025-2027 sejam positivas, com um crescimento sustentado e a melhoria do mercado de trabalho, a persistente incerteza global exige atenção e cautela.
A chave para mitigar os riscos será o fortalecimento da confiança dos agentes económicos e a utilização eficaz dos fundos europeus, como o PRR, para garantir uma trajetória estável.
A preparação para eventuais desafios externos será essencial para assegurar que o crescimento projetado seja alcançado de forma sustentável e equilibrada.
Jornal de Negócios, 20 de março de 2025