As insolvências em Portugal aumentaram 18% em 2023, face ao ano anterior, com quase duas mil empresas a entrarem em processo de insolvência. Já encerramentos foram mais de 13 mil, indicam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) citados pela consultora Capitalizar, especializada em reestruturações empresariais.
A tendência de crescimento de insolvências abrangeu praticamente todos os sectores. Os sectores de alojamento e restauração, agricultura e outros recursos naturais e energias e ambiente foram os únicos que conseguiram contrariar esta tendência e fecharam o ano com menos processos de insolvência.
Em termos sectoriais, a indústria foi a grande responsável pelo aumento verificado em 2023, com mais 148 processos de insolvência (+47%) do que no ano anterior, uma subida que representa mais de metade do aumento total verificado no ano.
Travar as insolvências
Na análise da consultora Capitalizar, este aumento reflete os desafios económicos e financeiros que muitas empresas enfrentam devido à instabilidade económica global. Para contrariar esta tendência, sublinha a urgência em apoiar as empresas na identificação dos seus problemas, a encontrar soluções que lhe permitam recuperar, evitando assim caírem numa situação de insolvência.
“O aumento das insolvências empresariais é um sinal claro de que as empresas em Portugal estão a enfrentar dificuldades financeiras significativas. No entanto, é fundamental entender que a insolvência não é o único caminho a seguir. O diagnóstico financeiro atempado e o apoio especializado são fatores determinantes no ‘turnaround’ das empresas. Identificar e abordar os problemas financeiros de forma proativa é fundamental para evitar que uma situação de insolvência se torne inevitável. Com a orientação certa e as estratégias adequadas, as empresas podem superar os desafios financeiros e alcançar o sucesso a longo prazo. Na Capitalizar, são vários os projetos de reestruturação empresarial bem-sucedidos que lideramos”, salienta José Pedro Pais, partner da Capitalizar.
Maior número de insolvências
Os dados do INE revelam ainda que são as micro e pequenas empresas – com um volume de negócios inferior a 500 mil euros – que continuam a registar o maior número de insolvências. Em termos geográficos, Lisboa e Porto são os distritos que apresentam o maior número de casos.
Em termos de encerramentos, os últimos números apontam para o fecho de 13.362 empresas, contudo, à data atual, ainda existem publicações a serem efetuadas pelo registo comercial, pelo que, face à tendência verificada ao longo de 2023, prevê-se que este seja o segundo ano consecutivo de subida deste indicador.
Recorde de empresas criadas
A marcar 2023 esteve também o recorde de empresas criadas: mais de 51 mil, ultrapassando pela primeira vez a marca das 50 mil novas empresas num ano. Foram constituídas mais 2.302 empresas face a 2022.
Grande Consumo, 22 de janeiro de 2024.